Livre adaptação do conto "O Mistério dos Hippies Desaparecidos", de Moacyr Scliar.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Análise do conto "O mistério dos hippies desaparecidos", de Moacyr Scliar
Neste conto, Moacyr Scliar apresenta um homem de cinza que passava em frente à Praça Dom Feliciano todos os dias, no Centro de Porto Alegre. Na calçada, sempre estavam estirado hippies que vendiam artesanatos. Em seu sítio, ensinou-os como vender, como ganhar e como gastar o dinheiro arrecadado. Passado algum tempo, escreveu um livro que foi sucesso de vendas - Minha vida entre os hippies - mas passou a temer um dos hippies, que passou a ser um yuppie.
De hippie a yuppie. Essa passagem sintetiza todo o conto, pois mostra um lado do capitalismo: a concorrência. É a regra do livre mercado. O trabalho passava a ser controlado, como numa linha de montagem. O homem de cinza é o progresso, os hippies são o atraso. Essas são algumas mensagens que Scliar quer passar com esse conto.
Moacyr Scliar foi esquerdista na juventude e carregou traços políticos dessa época pela vida toda. "O mistério dos hippies desaparecidos" é claramente uma ironia ao capitalismo ostensivo, que subverte valores e muda conceitos à força. Os hippies deixaram de ser hippies. O colorido de suas roupas deu lugar aos ternos pretos e sóbrios.
De hippie a yuppie. Essa passagem sintetiza todo o conto, pois mostra um lado do capitalismo: a concorrência. É a regra do livre mercado. O trabalho passava a ser controlado, como numa linha de montagem. O homem de cinza é o progresso, os hippies são o atraso. Essas são algumas mensagens que Scliar quer passar com esse conto.
Moacyr Scliar foi esquerdista na juventude e carregou traços políticos dessa época pela vida toda. "O mistério dos hippies desaparecidos" é claramente uma ironia ao capitalismo ostensivo, que subverte valores e muda conceitos à força. Os hippies deixaram de ser hippies. O colorido de suas roupas deu lugar aos ternos pretos e sóbrios.
O Centauro no Jardim
Certa vez, Moacyr Scliar afirmou que era apaixonado por Porto Alegre desde que nasceu. A cidade sempre é apresentada em seus livros, crônicas e contos. Seja no Bom Fim da sua infância ou no Centro cosmopolita do século XXI, Scliar nunca deixou de ambientar seus personagens nas ruas da capital gaúcha.
Tamanha identificação rendeu um título a ele, "O Centauro do Bom Fim". Este é o título da exposição dedicada ao escritor, que esteve no Santander Cultural entre setembro e novembro de 2014, sob a curadoria do cineasta Carlos Gerbase.
A infância em meio à família e as aulas na Escola Iídiche inspiraram "A Guerra no Bom Fim". A juventude politizada gerou "Max e os Felinos" e "Exército de um Homem Só". A tradição judaica esteve representada em "O Centauro no Jardim".
Moacyr Scliar era um homem de mil e uma profissões. Cronista, médico, escritor, imortal da Academia Brasileira de Letras, contista, jornalista, professor universitário, e hipocondríaco nas horas vagas. Toda a vida, as fases e faces de Scliar são apresentadas na exposição "O Centauro no Jardim"
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terça-feira, 2 de setembro de 2014
"O Enfermeiro" em curta-metragem
Aqui, fizemos uma livre adaptação inspirada no conto "O Enfermeiro", de Machado de Assis. Por mais que a história tenha sido bastante alterada, a espinha-dorsal (o embate enfermeiro x velho) continua presente. E o final revela uma surpresa não contida no original. Bom entretenimento!
domingo, 31 de agosto de 2014
Analisando "Soneto V", de Mario Quintana
Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola. . .
Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente. . .
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente. . .
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola. . .
Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente. . .
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente. . .
(Soneto presente no livro "A Rua dos Cataventos")
--
Neste soneto, Mario Quintana apresenta a história de um menino doente, cujo sofrimento da doença se evai com a cantoria do carpinteiro. Na mesma rua, há um operário triste - o poeta - que compõe o soneto para a alma do menino triste. Mais um belo soneto de Quintana, onde expõe pequenezas do cotidiano humano em linguagem erudita, porém simples.
Analisando "Se eu fosse um padre", de Mario Quintana
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!
(Soneto presente no livro "Nova antologia poética")
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!
(Soneto presente no livro "Nova antologia poética")
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Aqui, Quintana novamente usa de metalinguística para falar do seu ofício. Os padres usam dos discursos baseados em teorias bíblicas ou sermões falando de Deus e sua influência na vida terrena. Neste soneto, o eu-lírico acredita que isso não é necessário para transcender, para purificar a alma. Basta um poema, um belo poema, que segundo Quintana: "sempre leva a Deus!". Uma verdade celestial...
Analisando "Soneto I", de Mario Quintana
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
(Soneto presente no livro "A Rua dos Cataventos")
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O primeiro soneto do livro "A Rua dos Cataventos" é uma breve e bela reflexão do ofício do poeta: escrever. O poeta, neste soneto, é um paisagista do cotidiano, e aproveita suas palavras para colorir a realidade. É um belíssimo pensamento, afinal Mario Quintana brinca com as palavras e coloca seus questionamentos e idéias no papel. Somente um gênio faz jóias raras como essa. Esse gênio é Quintana.
Analisando "Cidadezinha cheia de graça", de Mario Quintana
Cidadezinha cheia de graça…
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo…
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…
Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo ( que triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…
(Soneto presente no livro "A Rua dos Cataventos")
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo…
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…
Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo ( que triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…
(Soneto presente no livro "A Rua dos Cataventos")
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Neste soneto, Mario Quintana apresenta uma pequena cidade, com uma igreja, praça, animais, enfim, uma cidade de interior, muito característica no Rio Grande do Sul, por exemplo. O eu-lírico deste soneto não é daquela cidade, mas gostaria de morar e ter nascido nela. Aqui, Quintana traz características de sua biografia, pois nasceu no Alegrete, cidade que inspirou muito a sua obra.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Analisando o conto "Guapear com Frangos"
"Guapear com Frangos" é um conto de Sergio Faraco, onde o escritor expõe sua veia regionalista, criando um paralelo com Simões Lopes Neto, o grande escritor dos "Contos Gauchescos". O tropeiro Guido Sarasua morre afogado no Rio Ibicui, após tentar atravessá-lo. "Aquele" López, seu amigo, precisa levar o corpo de Sarasua a um local onde possa receber as bençãos, para depois entregar o corpo aos bichos.
Durante a narrativa, nota-se uma verdadeira luta de López contra os bichos, contra o cansaço. O corpo vem a tona após três dias, mas depois é destroçado por diversos animais. Os inimigos de López eram os bichos. Ou seja, o homem pode perder na luta contra a natureza.
Assim como o corpo vai se despedaçando, López também padece durante a jornada. Tem náuseas, vômitos, e tenta resistir a tudo e todos. Não consegue. E no final, exclama: "Me desculpa, índio velho!". O homem perdera a luta contra os animais. Era impossível guapear com frangos, abelhas, gaviões, entre outros inúmeros animais.
Durante a narrativa, nota-se uma verdadeira luta de López contra os bichos, contra o cansaço. O corpo vem a tona após três dias, mas depois é destroçado por diversos animais. Os inimigos de López eram os bichos. Ou seja, o homem pode perder na luta contra a natureza.
Assim como o corpo vai se despedaçando, López também padece durante a jornada. Tem náuseas, vômitos, e tenta resistir a tudo e todos. Não consegue. E no final, exclama: "Me desculpa, índio velho!". O homem perdera a luta contra os animais. Era impossível guapear com frangos, abelhas, gaviões, entre outros inúmeros animais.
Analisando o conto "Não Chore, Papai"
Em "Não Chore, Papai", Sergio Faraco apresenta a história de um menino que ganhou uma bicicleta de sua tia, sendo alvo de disputa entre a vizinhança. Ao deixar que os demais meninos andassem na sua bicicleta, o dono ganhava em troca estampas do Sabonete Eucalol. Certo dia, na hora da sesta, todos dormiam, e o menino e Mariozinho, seu irmão, resolvem sair para pedalar até o rio.
A água fazia o menino viajar pelo mundo, graças às estampas do sabonete que exibiam paisagens do mundo. Eis que o menino não contava com um problema: o pai, que descobriu tudo e chegou em seu Austin. O menino estava pronto para receber reprimendas, o que não ocorreu. Apenas a bicicleta foi ao chão. Sua mãe pediu para que o menino fosse perdoar o pai. Após o diálogo, o menino jurou que jamais perdoaria-o. Passados muitos anos, já homem adulto, ele percebe que um menino não guardaria tamanho rancor no coração e por isso, descobre que perdoou sim o pai.
No conto, podemos perceber uma narração em primeira pessoa. Sergio Faraco apresenta uma bela e reflexiva história: carregamos ódio e rancor para sempre? O homem é capaz de perdoar? O menino, quando criança, jurou em falso, pensou o homem adulto. Ele havia perdoado o pai, mesmo bradando que jamais perdoaria em uma explosão momentânea. Mais uma vez, um conto da infância é retomado para novas conclusões do eu-lírico em idade mais avançada.
A água fazia o menino viajar pelo mundo, graças às estampas do sabonete que exibiam paisagens do mundo. Eis que o menino não contava com um problema: o pai, que descobriu tudo e chegou em seu Austin. O menino estava pronto para receber reprimendas, o que não ocorreu. Apenas a bicicleta foi ao chão. Sua mãe pediu para que o menino fosse perdoar o pai. Após o diálogo, o menino jurou que jamais perdoaria-o. Passados muitos anos, já homem adulto, ele percebe que um menino não guardaria tamanho rancor no coração e por isso, descobre que perdoou sim o pai.
No conto, podemos perceber uma narração em primeira pessoa. Sergio Faraco apresenta uma bela e reflexiva história: carregamos ódio e rancor para sempre? O homem é capaz de perdoar? O menino, quando criança, jurou em falso, pensou o homem adulto. Ele havia perdoado o pai, mesmo bradando que jamais perdoaria em uma explosão momentânea. Mais uma vez, um conto da infância é retomado para novas conclusões do eu-lírico em idade mais avançada.
Analisando "Dançar Tango em Porto Alegre"
"Dançar Tango em Porto Alegre" é o principal conto do livro homônimo. Um dos melhores do livro.
Em uma viagem entre Uruguaiana e Porto Alegre, um homem e uma mulher se encontram por acaso no mesmo vagão; Segundo o narrador, "é uma jovem senhora de modos esquisitos. Tão quieta, longínqua, e no entanto, ao falar, parecia conter-se". Aos poucos, um foi conhecendo o outro. O narrador descobriu o nome da jovem senhora: Jane.
Uma noite de prazer esperava-os. Antes, Jane expôs os seus sentimentos: o marido enfermo em Porto Alegre, as preocupações, as lástimas, a sensação de que estava perdendo o marido. Jane queria esquecer tudo naquela noite. Foi consumado o ato carnal. De repente, um homem adulto estava se sentindo um menino, perdidamente apaixonado.
No final, o narrador propõe a Jane que dancem tango em Porto Alegre. Um acidente nos trilhos pára o trem. E o conto termina com o narrador afirmando que sente uma nova energia, uma vontade de viver que não vira, e Jane tem o mesmo sentimento. Com certeza valeria a pena dançar tango em Porto Alegre.
A narrativa de Sergio Faraco, focada em apenas dois personagens, faz uma construção bela dos personagens. A cumplicidade entre Jane e o narrador se intensifica cada vez mais, até chegar ao climax, o erotismo. Faraco constrói uma sequência de situações cujos resultados são inesperados pelo leitor. Quem imaginava que uma tímida Jane se revelaria uma mulher faminta por prazer?
Dançar Tango em Porto Alegre é uma expressão figurada para viver a vida. Quando os corpos do narrador e de Jane se atraíram, ambos passaram a sentir uma nova sensação. Ambos querem viver. Apenas isso.
Em uma viagem entre Uruguaiana e Porto Alegre, um homem e uma mulher se encontram por acaso no mesmo vagão; Segundo o narrador, "é uma jovem senhora de modos esquisitos. Tão quieta, longínqua, e no entanto, ao falar, parecia conter-se". Aos poucos, um foi conhecendo o outro. O narrador descobriu o nome da jovem senhora: Jane.
Uma noite de prazer esperava-os. Antes, Jane expôs os seus sentimentos: o marido enfermo em Porto Alegre, as preocupações, as lástimas, a sensação de que estava perdendo o marido. Jane queria esquecer tudo naquela noite. Foi consumado o ato carnal. De repente, um homem adulto estava se sentindo um menino, perdidamente apaixonado.
No final, o narrador propõe a Jane que dancem tango em Porto Alegre. Um acidente nos trilhos pára o trem. E o conto termina com o narrador afirmando que sente uma nova energia, uma vontade de viver que não vira, e Jane tem o mesmo sentimento. Com certeza valeria a pena dançar tango em Porto Alegre.
A narrativa de Sergio Faraco, focada em apenas dois personagens, faz uma construção bela dos personagens. A cumplicidade entre Jane e o narrador se intensifica cada vez mais, até chegar ao climax, o erotismo. Faraco constrói uma sequência de situações cujos resultados são inesperados pelo leitor. Quem imaginava que uma tímida Jane se revelaria uma mulher faminta por prazer?
Dançar Tango em Porto Alegre é uma expressão figurada para viver a vida. Quando os corpos do narrador e de Jane se atraíram, ambos passaram a sentir uma nova sensação. Ambos querem viver. Apenas isso.
Analisando o conto "A Dama do Bar Nevada"
O conto "A Dama do Bar Nevada" apresenta uma Porto Alegre decadente. Segundo a Dama do Bar Nevada, "antigamente havia cafés, confeitarias, a Rua da Praia ainda era bonita". Além da cidade, essa decadência percebe-se na protagonista. Se na juventude era bela, atualmente estava envelhecida, enrugada.
Um rapaz pobre lanchava no Bar Nevada, enquanto isso, chegara uma senhora perfumada, extremamente maquiada, que pediu um chá com torradas. Ao mesmo tempo, o rapaz não pagou toda a conta porque não tinha dinheiro. A senhora pagou a conta dele. E em seguida, ela convidou-o para um chá. A conversa foi desenrolando e quando o rapaz se levantou para ir embroa, a senhora suplicou e convenceu-o a lhe pagar. Ele topou. E deixaram o Bar Nevada.
No fundo, ambos precisavam de ajuda. O rapaz precisava de ajuda financeira, pois vivia de bicos e tinha apenas roupas velhas e surradas. Já a senhora precisava de uma companhia, pois o marido havia falecido há muitos anos. Ambos tinham interesses em comum. A Praça da Alfândega vivia situação análoga à velhice da senhora. Anteriormente, era bonita e tinha vivacidade. Agora, era tomada pelo desespero. Os lugares se relacionam intrinsecamente com as pessoas, mesmo que elas não percebam.
Um rapaz pobre lanchava no Bar Nevada, enquanto isso, chegara uma senhora perfumada, extremamente maquiada, que pediu um chá com torradas. Ao mesmo tempo, o rapaz não pagou toda a conta porque não tinha dinheiro. A senhora pagou a conta dele. E em seguida, ela convidou-o para um chá. A conversa foi desenrolando e quando o rapaz se levantou para ir embroa, a senhora suplicou e convenceu-o a lhe pagar. Ele topou. E deixaram o Bar Nevada.
No fundo, ambos precisavam de ajuda. O rapaz precisava de ajuda financeira, pois vivia de bicos e tinha apenas roupas velhas e surradas. Já a senhora precisava de uma companhia, pois o marido havia falecido há muitos anos. Ambos tinham interesses em comum. A Praça da Alfândega vivia situação análoga à velhice da senhora. Anteriormente, era bonita e tinha vivacidade. Agora, era tomada pelo desespero. Os lugares se relacionam intrinsecamente com as pessoas, mesmo que elas não percebam.
Analisando o conto "Majestic Hotel"
"Majestic Hotel" é um conto que compõem o livro "Dançar Tango em Porto Alegre". Conta a história de um homem que reencontra um soldadinho de chumbo que ganhara quando era criança em Porto Alegre. O homem e sua mãe hospedaram-se no Hotel Majestic, e em uma noite, a mãe do protagonista deixou-o sozinho no quarto, enquanto se encontrava com um amante
No entanto, o menino ficou assustado e sentindo que havia sido abandonado. Ao voltar, a mãe trouxe um soldadinho de chumbo, símbolo desse episódio da infância.
O conto de Sergio Faraco é narrado em terceira pessoa. É uma história infanto-juvenil e urbana, pois relaciona-se diretamente com a cidade de Porto Alegre. O contraste entre o universo infantil e adulto é a perca da inocência. Quando criança, o mundo é colorido. Quando adulto, o mundo é cinzento e escuro. A obra do autor é marcada por essa característica.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Analisando o conto "O Enfermeiro", de Machado de Assis
"O Enfermeiro" é um conto escrito em primeira pessoa, na fala de Procópio, o enfermeiro do bravo Coronel Felisberto, que muito adoentado, brigava com todos os enfermeiros que tivera. Em um dos ataques de fúria de Felisberto, Procópio acaba matando-o. A morte do Coronel é disfarçada, mas o enfermeiro não esperava que a fortuna de Felisberto fosse destinada a ele, já que o Coronel não tinha parentes.
No conto, Machado de Assis traz a sua característica crítica ao homem, tendo uma visão pessimista. Procópio é um homem que havia suplantado seu instinto e matado o velho Felisberto. Porém, em seguida, sente o remorso e começa a enxergar qualidades boas no Coronel, um sádico, que maltratava-o quase todo o tempo.
Também é possível perceber que Procópio parece arrependido do ato. Ainda assim, fica com boa parte da herança, doando trinta e dois contos de réis à caridade, Santa Casa de Misericórdia.
![]() |
Matheus Nachtergale e Paulo Autran na adaptação de "O Enfermeiro" para o cinema, em 1999. |
Nos livros "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro", os protagonistas relembram suas vidas após os acontecidos. No caso de Brás Cubas, após a morte. Isso parece ser uma característica machadiana, pois Procópio está prester a falecer quando relembra o caso do assassinato.
Podemos perceber também que Procópio tenta racionalizar o crime, que teria sido fruto sem dolo de um desentendimento. Em um primeiro momento, o personagem se vê como um assassino. Depois, Procópio começar a enxergar justificativas para o crime.
É interessante identificar a ironia de Machado ao construir o personagem Procópio. Ele odiava o Coronel Felisberto devido à fúria incessante do velho, mata-o e, no entanto, recebe a herança. É uma crítica irônica.
Analisando o conto "A Igreja do Diabo", de Machado de Assis
A diferença entre Deus e o Diabo é a seguinte: o Diabo nega tudo, Deus não. Porém, ambos usam de sua retórica para convencer os demais, uma habilidade da espécie humana: a arte de convencer.
Em 1884, o Brasil estava dividido entre monarquistas e republicanos. Haviam aqueles que defendiam o Imperador Dom Pedro II, porém outros acreditavam na república expressa pelos ideais do positivismo de Augusto Comte. Machado critica também a Igreja Católica, que era uma das bases do regime monárquico, que teve sua história marcada pela venda de indulgências em busca da salvação eterna de seus fiéis.
Também é preciso destacar a forma com que o Diabo transforma suas teorias para torná-la atraente ao público. Ao pensar no benefício do fiel, que não precisaria justificar seus atos, ao contrário do Cristianismo, é uma grande ideia do Diabo para agregar o maior número possível de fiéis. Seria uma analogia à venda de indulgências, afinal bastando dar o dinheiro e comprando algo, você já teria seu lugar no céu, sem mais justificativas. Atualmente, esse fenômeno ocorre também nas igrejas neo-pentecostais.
Porém, a crítica central do conto recai nas contradições do homem, que cai em contradição. Quando no cristianismo, comete os pecados do cristianismo e o homem é uma figura avarenta, gulosa, invejosa. Na igreja do Diabo, o homem também comete pecados, desta vez segundo a doutrina do Diabo: amar o próximo, acolher, ajudar.
Machado de Assis prova que o homem é um ser dúbio e que sempre é guiado pelo seu instinto, independente da religião que professa. Quando não pode exercer o mal, exerce o mal e, quando não pode exercer o bem, exerce o bem.
terça-feira, 20 de maio de 2014
Reescrevendo Machado de Assis
ITALO FILHO
Durante o mês, uma polêmica circulou na imprensa, envolvendo reescritas da obra do imortal escritor Machado de Assis. A revista Exame publicou a seguinte matéria em 05 de maio:
São Paulo – Para incentivar os jovens a ler as obras dos principais autores da literatura brasileira, uma escritora criou um projeto controverso. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Patrícia Secco lançará em junho uma versão do livro “O Alienista”, de Machado de Assis, com linguagem mais fácil, frases diretas e palavras comuns.
O plano abarca trabalhos de outros grandes autores, como José de Alencar, cujo livro “A Pata da Gazela” também será lançado em junho. A verba para colocar a ideia em prática veio de patrocínio da lei de incentivo, com autorização do Ministério da Cultura.
Se Patrícia conseguir captar mais dinheiro, outros títulos poderão ser “mastigados”, como “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.
Segundo a Folha, ela alega que, apesar de a linguagem ser descomplicada, o estilo dos autores não será modificado. Os 600 mil exemplares dos livros que sairão no próximo mês devem ser distribuídos gratuitamente pelo Instituto Brasil Leitor.
Mesmo com a intenção de popularizar a leitura, a ideia gerou polêmica nas redes sociais. No Twitter, o tema foi parar nos “trending topics” do Brasil, nesta segunda-feira, com alguns defensores e muitos críticos ferrenhos.
Entre os defensores, o argumento é de que o gosto pela leitura poderá ser estimulado. Já quem não gostou da ideia afirmou que adaptar uma obra dessa forma não aprimora os conhecimentos do leitor, que pode recorrer ao dicionário, e ainda prejudica o trabalho do autor original.
Durante o mês, uma polêmica circulou na imprensa, envolvendo reescritas da obra do imortal escritor Machado de Assis. A revista Exame publicou a seguinte matéria em 05 de maio:
Obra de Machado de Assis é reescrita para facilitar leitura
Luciana Carvalho, Exame, São Paulo, 05 mai. 2014.
O plano abarca trabalhos de outros grandes autores, como José de Alencar, cujo livro “A Pata da Gazela” também será lançado em junho. A verba para colocar a ideia em prática veio de patrocínio da lei de incentivo, com autorização do Ministério da Cultura.
Se Patrícia conseguir captar mais dinheiro, outros títulos poderão ser “mastigados”, como “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.
Segundo a Folha, ela alega que, apesar de a linguagem ser descomplicada, o estilo dos autores não será modificado. Os 600 mil exemplares dos livros que sairão no próximo mês devem ser distribuídos gratuitamente pelo Instituto Brasil Leitor.
Mesmo com a intenção de popularizar a leitura, a ideia gerou polêmica nas redes sociais. No Twitter, o tema foi parar nos “trending topics” do Brasil, nesta segunda-feira, com alguns defensores e muitos críticos ferrenhos.
Entre os defensores, o argumento é de que o gosto pela leitura poderá ser estimulado. Já quem não gostou da ideia afirmou que adaptar uma obra dessa forma não aprimora os conhecimentos do leitor, que pode recorrer ao dicionário, e ainda prejudica o trabalho do autor original.
No dia anterior, o colunista do jornal Folha de São Paulo, Chico Felitti, havia publicado a informação:
Escritora muda obra de Machado de Assis para facilitar a leitura
Chico Felitti, Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 mai. 2014.
"Entendo por que os jovens não gostam de Machado de Assis", diz a escritora Patrícia Secco. "Os livros dele têm cinco ou seis palavras que não entendem por frase. As construções são muito longas. Eu simplifico isso." Ela simplifica mesmo: Patrícia lançará em junho uma versão de "O Alienista", obra de Machado lançada em 1882, em que as frases estão mais diretas e palavras são trocadas por sinônimos mais comuns (um "sagacidade" virou "esperteza", por exemplo".
A mudança não fere o estilo do escritor mais celebrado do Brasil, diz Patrícia. "A ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil."
E o plano inicial dela era descomplicar outros clássicos. A ideia nasceu em 2008, com aspirações maiores: "Montei um plano com um título de cada autor clássico para a gente tentar fazer uma versão."
Seu projeto, que também previa versões de "O Cortiço" e de "Memórias de Um Sargento de Milícias", foi liberado pelo Ministério da Cultura para captar dinheiro com lei de incentivo, mas Secco só conseguiu patrocínio para dois títulos: "O Alienista" e "A Pata da Gazela", de José de Alencar, que sai junto.
A equipe que "descomplica" o texto é formada "por um monte de gente", diz a autora, entre eles a própria e dois jornalistas amigos.
A tiragem, de 600 mil exemplares, será distribuídas de graça pelo Instituto Brasil Leitor. O lançamento será em junho, e terá direito a um túnel construído com 60 mil livros no vale do Anhangabaú, centro da cidade.
"É absurdo imaginar que a função da escola seja facilitar qualquer coisa, em vez de levar a trabalhar com as dificuldades da vida, da crítica e do conhecimento", comenta o professor da USP Alcides Villaça. Ele se diz indignado: "Apresentar como sendo de Machado de Assis uma mutilação bisonha de seu texto não devia dar cadeia?".
Outros seis mestres da USP e três da Unicamp foram procurados para dar seu parecer sobre o projeto. Nenhum quis comentar.
As opiniões foram muito diversas. "Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é uma prática comum em qualquer país do mundo. A inexplicável polêmica sobre a adaptação de O alienista para leitores jovens confirmou uma verdade tão antiga quanto a obra de Machado de Assis: a crítica literária brasileira tem o péssimo hábito de só abrir a boca para reclamar.", comenta Danilo Venticinque, da revista Época.
O jornalista Juremir Machado da Silva, colunista do Correio do Povo, em coluna publicada no último sábado, acredita que a obra de Machado de Assis não deva ser ensinada aos adolescentes, pois estes ainda não teriam a maturidade para o gênero machadiano. Marcelo Mirisola, do site Yahoo, compartilha da mesma opinião.
O escritor Luis Augusto Fischer, em artigo para o jornal Zero Hora do dia 18 afirmou: "Visto isso, é claro que sou favorável às adaptações, em regra. Sei que nunca se deve oferecer ao aluno, em qualquer nível, apenas aquilo que ele já conhece - e nisso me oponho a toda uma perspectiva que quer reduzir o repertório das aulas ao mundo já vivido pelo aluno, que deve ser apenas e tão-somente o ponto de partida da conversa. Sei também que se deve ajudar o aluno a inventar seu próprio caminho de aprendizado, por exemplo ensinando a usar o dicionário. Mas há uma diferença entre desafio saudável e barreira intransponível. Aqui entra em cena a adaptação."
Já outros comentários foram contra. José Maria e Silva, do jornal Opção, de Goiânia, defende que "em sua arbitrária simplificação de Machado de Assis, em que comete erros primários de interpretação de texto, a escritora-empresária Patrícia Secco embrutece o espírito do leitor ao falsear o mestre e descaracterizar seus personagens.". Em reportagem de Meire Kusomoto, a revista Veja também critica as adaptações feitas por Patrícia Secco.
Fontes consultadas:
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/marcelo-mirisola/menos-machad%C3%A3o-222704374.html
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/de-machado-de-assis-a-shakespeare-quando-a-adaptacao-diminui-obras-classicas
http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/obra-de-machado-de-assis-e-reescrita-para-facilitar-leitura
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2014/05/a-polemica-sobre-a-versao-facilitada-de-machado-de-assis-4502832.html
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cidadona/2014/05/1445858-escritora-muda-obra-de-machado-de-assis-para-facilitar-a-leitura.shtml
http://www.jornalopcao.com.br/reportagens/discipula-de-paulo-freire-assassina-machado-de-assis-4399/
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/05/machado-de-assis-e-bchoradeira-dos-criticosb.html
Juremir Machado da Silva. Correio do Povo, 17 mai. 2014, p. 2.
A mudança não fere o estilo do escritor mais celebrado do Brasil, diz Patrícia. "A ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil."
E o plano inicial dela era descomplicar outros clássicos. A ideia nasceu em 2008, com aspirações maiores: "Montei um plano com um título de cada autor clássico para a gente tentar fazer uma versão."
Seu projeto, que também previa versões de "O Cortiço" e de "Memórias de Um Sargento de Milícias", foi liberado pelo Ministério da Cultura para captar dinheiro com lei de incentivo, mas Secco só conseguiu patrocínio para dois títulos: "O Alienista" e "A Pata da Gazela", de José de Alencar, que sai junto.
A equipe que "descomplica" o texto é formada "por um monte de gente", diz a autora, entre eles a própria e dois jornalistas amigos.
A tiragem, de 600 mil exemplares, será distribuídas de graça pelo Instituto Brasil Leitor. O lançamento será em junho, e terá direito a um túnel construído com 60 mil livros no vale do Anhangabaú, centro da cidade.
"É absurdo imaginar que a função da escola seja facilitar qualquer coisa, em vez de levar a trabalhar com as dificuldades da vida, da crítica e do conhecimento", comenta o professor da USP Alcides Villaça. Ele se diz indignado: "Apresentar como sendo de Machado de Assis uma mutilação bisonha de seu texto não devia dar cadeia?".
Outros seis mestres da USP e três da Unicamp foram procurados para dar seu parecer sobre o projeto. Nenhum quis comentar.
As opiniões foram muito diversas. "Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é uma prática comum em qualquer país do mundo. A inexplicável polêmica sobre a adaptação de O alienista para leitores jovens confirmou uma verdade tão antiga quanto a obra de Machado de Assis: a crítica literária brasileira tem o péssimo hábito de só abrir a boca para reclamar.", comenta Danilo Venticinque, da revista Época.
O jornalista Juremir Machado da Silva, colunista do Correio do Povo, em coluna publicada no último sábado, acredita que a obra de Machado de Assis não deva ser ensinada aos adolescentes, pois estes ainda não teriam a maturidade para o gênero machadiano. Marcelo Mirisola, do site Yahoo, compartilha da mesma opinião.
O escritor Luis Augusto Fischer, em artigo para o jornal Zero Hora do dia 18 afirmou: "Visto isso, é claro que sou favorável às adaptações, em regra. Sei que nunca se deve oferecer ao aluno, em qualquer nível, apenas aquilo que ele já conhece - e nisso me oponho a toda uma perspectiva que quer reduzir o repertório das aulas ao mundo já vivido pelo aluno, que deve ser apenas e tão-somente o ponto de partida da conversa. Sei também que se deve ajudar o aluno a inventar seu próprio caminho de aprendizado, por exemplo ensinando a usar o dicionário. Mas há uma diferença entre desafio saudável e barreira intransponível. Aqui entra em cena a adaptação."
Já outros comentários foram contra. José Maria e Silva, do jornal Opção, de Goiânia, defende que "em sua arbitrária simplificação de Machado de Assis, em que comete erros primários de interpretação de texto, a escritora-empresária Patrícia Secco embrutece o espírito do leitor ao falsear o mestre e descaracterizar seus personagens.". Em reportagem de Meire Kusomoto, a revista Veja também critica as adaptações feitas por Patrícia Secco.
Fontes consultadas:
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/marcelo-mirisola/menos-machad%C3%A3o-222704374.html
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/de-machado-de-assis-a-shakespeare-quando-a-adaptacao-diminui-obras-classicas
http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/obra-de-machado-de-assis-e-reescrita-para-facilitar-leitura
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2014/05/a-polemica-sobre-a-versao-facilitada-de-machado-de-assis-4502832.html
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cidadona/2014/05/1445858-escritora-muda-obra-de-machado-de-assis-para-facilitar-a-leitura.shtml
http://www.jornalopcao.com.br/reportagens/discipula-de-paulo-freire-assassina-machado-de-assis-4399/
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/05/machado-de-assis-e-bchoradeira-dos-criticosb.html
Juremir Machado da Silva. Correio do Povo, 17 mai. 2014, p. 2.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
A morte de Gabriel García Marquez
ITALO FILHO
Senil e doente. Esta era a situação de Gabriel García Marquez nos seus últimos dias de vida. Um câncer devorou seus órgãos: o figado, os pulmões e os gânglios. Devorou sua alma de escritor? Não, claro que não. Ele nos deixou na última sexta-feira, dia 18, na Cidade do México.
Colombiano de nascimento e criação, "El Gabo" passou por Roma, Nova Iorque, Paris. Mas o México foi o seu destino ideal, onde passou a viver em 1981. No ano seguinte, García Marquez ganhou o prêmio Nobel de Literatura e com muitos méritos.
Para Pablo Neruda, Gabriel García Marquez era o melhor romancista da língua espanhola desde Cervantes. Em Havana, sentava-se com Chico Buarque na Bodeguita del Médio, um bar muito frequentado por intelectuais e escritores, e reunia-se com Fidel Castro, seu grande amigo. A relação entre Fidel e Gabo era muito próxima. Fidel via um alter-ego em Gabo, que retribuia o carinho com exemplares originais. Tal amizade gerou problemas com a CIA para García Marquez quando morou nos Estados Unidos.
Com 50 milhões de exemplares vendidos e traduzido para mais de 35 idiomas, "Cem Anos de Solidão", de 1967, é o marco da carreira de Gabriel García Marquez. Se antes era um escritor obscuro, agora havia chegado ao estrelato. Todo o mundo conheceu a habilidade do escritor nas situações de romances de sucesso. Mesmo assim, Gabo não perdia o bom humor. No seu aniversário, jornalistas sempre se acotovelavam na porta da sua casa. Gabo cumprimentava a todos.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, é certeiro na sua afirmação em relação ao falecimento de García Marquez: "Mil anos de solidão e tristeza pela morte do maior colombiano de todos os tempos! Os gigantes nunca morrem!"
É verdade. Os gigantes nunca morrem. Gabriel García Marquez não está mais em corpo presente, porém sua obra permanece no imaginário dos seus leitores. A literatura agradece e aplaude.
Bibliografia consultada:
Gabriel García Marquez, 1927-2014. Zero Hora, 18 abr. 2014.
'Mil anos de solidão e tristeza'. Correio do Povo, 18 abr. 2014.
Escritor Gabriel García Marquez morre aos 87 anos. O Sul, 18 abr. 2014.
Colombiano de nascimento e criação, "El Gabo" passou por Roma, Nova Iorque, Paris. Mas o México foi o seu destino ideal, onde passou a viver em 1981. No ano seguinte, García Marquez ganhou o prêmio Nobel de Literatura e com muitos méritos.
Para Pablo Neruda, Gabriel García Marquez era o melhor romancista da língua espanhola desde Cervantes. Em Havana, sentava-se com Chico Buarque na Bodeguita del Médio, um bar muito frequentado por intelectuais e escritores, e reunia-se com Fidel Castro, seu grande amigo. A relação entre Fidel e Gabo era muito próxima. Fidel via um alter-ego em Gabo, que retribuia o carinho com exemplares originais. Tal amizade gerou problemas com a CIA para García Marquez quando morou nos Estados Unidos.
Com 50 milhões de exemplares vendidos e traduzido para mais de 35 idiomas, "Cem Anos de Solidão", de 1967, é o marco da carreira de Gabriel García Marquez. Se antes era um escritor obscuro, agora havia chegado ao estrelato. Todo o mundo conheceu a habilidade do escritor nas situações de romances de sucesso. Mesmo assim, Gabo não perdia o bom humor. No seu aniversário, jornalistas sempre se acotovelavam na porta da sua casa. Gabo cumprimentava a todos.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, é certeiro na sua afirmação em relação ao falecimento de García Marquez: "Mil anos de solidão e tristeza pela morte do maior colombiano de todos os tempos! Os gigantes nunca morrem!"
É verdade. Os gigantes nunca morrem. Gabriel García Marquez não está mais em corpo presente, porém sua obra permanece no imaginário dos seus leitores. A literatura agradece e aplaude.
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Arte: Italo |
Bibliografia consultada:
Gabriel García Marquez, 1927-2014. Zero Hora, 18 abr. 2014.
'Mil anos de solidão e tristeza'. Correio do Povo, 18 abr. 2014.
Escritor Gabriel García Marquez morre aos 87 anos. O Sul, 18 abr. 2014.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Dica de leitura: "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras"
Uma dica de leitura interessante é o livro "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras", escrito pelo humorista e apresentador Jô Soares em 2005. Este livro está disponível na Biblioteca do Colégio..
Análise de "O Cobrador" em vídeo
Felipe Augusto faz uma breve análise do conto "O Cobrador", de Rubem Fonseca.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Analisando o conto "O Cobrador", de Rubem Fonseca
Rubem Fonseca traz no conto "O Cobrador" uma linguagem ultra-realista, no contexto carioca dos anos 70. O narrador se denomina 'o cobrador', que após uma consulta ao dentista passa a cobrar tudo e todos. Esse cobrador é bastante crítico da classe média alta e à elite de então.
O eu-lírico dessa obra é um personagem bruto, que comete atrocidades, tudo em nome de uma vingança pessoal. No trecho ao lado, vemos que 'o cobrador' é uma pessoa com inúmeros complexos psicológicos e pode ter um distúrbio psiquiátrico. Ele usa de sutilezas e brutalidades, descrevendo suas relações sexuais, por exemplo.
O cobrador acredita que a sociedade lhe deve algo. O quê? Não sabemos. Talvez nem ele saiba bem, tomado pelo impulso em todas as suas ações. Ele também se apaixona por Ana Palindrômica, rica, que apesar de pertencer à classe social que o cobrador tem ojeriza, pensa semelhante ao cobrador e ensina-o como matar mais em menos tempo. Aparentemente, opostos, porém, iguais no pensar.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBduGFNU9HC1d2xPcB-dZ5Faru3Nlk3P97X8uwvnooD9UkCZU_R7KKJb9LAaxXh3drvQkHD9umt467s9Ocsuqv3CMen9CFYHYgeBOJONSAEPvhyzV-YDJKup2uI_8xFQNV98ePWcYr7f1l/s1600/Sem+t%C3%ADtulo-2.png)
O cobrador acredita que a sociedade lhe deve algo. O quê? Não sabemos. Talvez nem ele saiba bem, tomado pelo impulso em todas as suas ações. Ele também se apaixona por Ana Palindrômica, rica, que apesar de pertencer à classe social que o cobrador tem ojeriza, pensa semelhante ao cobrador e ensina-o como matar mais em menos tempo. Aparentemente, opostos, porém, iguais no pensar.
O autor
Rubem Fonseca nasceu em 1925 na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Mora no Rio de Janeiro desde os oito anos de idade. Formado em Direito pela UFRJ. É autor de livros como O Cobrador, Agosto, Bufo & Spallazani, entre outros.
Analisando "O Conto dos Chapéus", de Machado de Assis
Bernardo Jacobs analisa a obra "O Conto dos Chapéus", de Machado de Assis, com suas próprias palavras:
terça-feira, 25 de março de 2014
A estreia
Hello world! Nosso blog de literatura está no ar! "A Biblioteca" apresentará conteúdos específicos produzidos pelos alunos Bernardo Jacobs, Felipe Saling, Italo B. Filho, Matheus Merola, Pedro Brandalize e Theo Souza para as disciplinas de Língua Portuguesa, Literatura e Redação, ministradas pelo professores Ademar Leão e Cristiani Fernandes.
Texto: Italo
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