domingo, 31 de agosto de 2014

Analisando "Soneto I", de Mario Quintana

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...


Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

(Soneto presente no livro "A Rua dos Cataventos")
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O primeiro soneto do livro "A Rua dos Cataventos" é uma breve e bela reflexão do ofício do poeta: escrever. O poeta, neste soneto, é um paisagista do cotidiano, e aproveita suas palavras para colorir a realidade. É um belíssimo pensamento, afinal Mario Quintana brinca com as palavras e coloca seus questionamentos e idéias no papel. Somente um gênio faz jóias raras como essa. Esse gênio é Quintana.

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