não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!
(Soneto presente no livro "Nova antologia poética")
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Aqui, Quintana novamente usa de metalinguística para falar do seu ofício. Os padres usam dos discursos baseados em teorias bíblicas ou sermões falando de Deus e sua influência na vida terrena. Neste soneto, o eu-lírico acredita que isso não é necessário para transcender, para purificar a alma. Basta um poema, um belo poema, que segundo Quintana: "sempre leva a Deus!". Uma verdade celestial...
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