A diferença entre Deus e o Diabo é a seguinte: o Diabo nega tudo, Deus não. Porém, ambos usam de sua retórica para convencer os demais, uma habilidade da espécie humana: a arte de convencer.
Em 1884, o Brasil estava dividido entre monarquistas e republicanos. Haviam aqueles que defendiam o Imperador Dom Pedro II, porém outros acreditavam na república expressa pelos ideais do positivismo de Augusto Comte. Machado critica também a Igreja Católica, que era uma das bases do regime monárquico, que teve sua história marcada pela venda de indulgências em busca da salvação eterna de seus fiéis.
Também é preciso destacar a forma com que o Diabo transforma suas teorias para torná-la atraente ao público. Ao pensar no benefício do fiel, que não precisaria justificar seus atos, ao contrário do Cristianismo, é uma grande ideia do Diabo para agregar o maior número possível de fiéis. Seria uma analogia à venda de indulgências, afinal bastando dar o dinheiro e comprando algo, você já teria seu lugar no céu, sem mais justificativas. Atualmente, esse fenômeno ocorre também nas igrejas neo-pentecostais.
Porém, a crítica central do conto recai nas contradições do homem, que cai em contradição. Quando no cristianismo, comete os pecados do cristianismo e o homem é uma figura avarenta, gulosa, invejosa. Na igreja do Diabo, o homem também comete pecados, desta vez segundo a doutrina do Diabo: amar o próximo, acolher, ajudar.
Machado de Assis prova que o homem é um ser dúbio e que sempre é guiado pelo seu instinto, independente da religião que professa. Quando não pode exercer o mal, exerce o mal e, quando não pode exercer o bem, exerce o bem.
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