Neste conto, Moacyr Scliar apresenta um homem de cinza que passava em frente à Praça Dom Feliciano todos os dias, no Centro de Porto Alegre. Na calçada, sempre estavam estirado hippies que vendiam artesanatos. Em seu sítio, ensinou-os como vender, como ganhar e como gastar o dinheiro arrecadado. Passado algum tempo, escreveu um livro que foi sucesso de vendas - Minha vida entre os hippies - mas passou a temer um dos hippies, que passou a ser um yuppie.
De hippie a yuppie. Essa passagem sintetiza todo o conto, pois mostra um lado do capitalismo: a concorrência. É a regra do livre mercado. O trabalho passava a ser controlado, como numa linha de montagem. O homem de cinza é o progresso, os hippies são o atraso. Essas são algumas mensagens que Scliar quer passar com esse conto.
Moacyr Scliar foi esquerdista na juventude e carregou traços políticos dessa época pela vida toda. "O mistério dos hippies desaparecidos" é claramente uma ironia ao capitalismo ostensivo, que subverte valores e muda conceitos à força. Os hippies deixaram de ser hippies. O colorido de suas roupas deu lugar aos ternos pretos e sóbrios.
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